Durante
a idade medieval (séculos V-XIV) a arte se caracterizou pela integração da
pintura, escultura e arquitetura. Nesse período, a igreja católica exerceu
forte controle sobre a produção científica e cultural concretizando uma ligação
entre a produção artística com o cristianismo. Isto proporcionou a
predominância dos temas religiosos nas artes plásticas, na literatura, na
música, na arquitetura e no teatro. O imaginário dessa época esteve sempre
voltado para o teocentrismo (Deus como centro de tudo).
As
artes que mais se destacaram na Idade Média foram as artes plásticas:
arquitetura, pintura e escultura. Suas principais realizações foram as igrejas,
podendo-se distinguir, nelas, dois estilos básicos: o românico e gótico.
ESTILO ROMÂNICO
Este
estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI
e XIII).
Arquitetura
A
construção da época foi fundamentalmente religiosa, pois somente a Igreja
cristã e as ordens religiosas possuíam fundos suficientes ou pelo menos a
organização eficiente para arrecadá-los e financiar o erguimento de capelas, de
igrejas e de mosteiros.
Na
arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos
arcos de volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos
seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas,
quase sem reboco, e existiam poucas e pequenas janelas deixando seus interiores
geralmente sombrios. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma idéia de
construções “pesadas”, voltadas para a defesa. Daí serem chamadas: fortalezas
de Deus. As igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada
das “forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos
ataques inimigos durante as guerras.
No
final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja estrutura era
semelhante às construções dos antigos romanos.
As características
mais significativas da arquitetura românica são:
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Abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
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Pilares maciços que sustentavam as paredes espessas;
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Aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
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Torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e
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Arcos que são formados por 180 graus.
A mais famosa é a
Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário
que começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se
inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu.
Na Itália,
diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas.
Pintura e escultura
Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a
Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou
comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da
arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se, sobretudo nas grandes
decorações murais, através da técnica do afresco, que originalmente era uma
técnica de pintar sobre a parede úmida.
Os
motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características
essenciais da pintura românica foram à deformação e o colorismo. A deformação,
na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os
artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior
do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores
chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não
havia a menor intenção de imitar a natureza.
Na
porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a
parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior
da porta. Imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos
naturais.
Mosaicos
são pequenas pedras coloridas que colocadas lado a lado, vão formando o
desenho. Usado desde a Antiguidade, veio do Oriente a técnica bizantina que
utilizava o azul e dourado, para representar o próprio céu. No Ocidente foi
utilizado principalmente nas igrejas.
ESTILO GÓTICO
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O
estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do
século XIII ao XV) e floresceu nos mais diversos países europeus, em inúmeras
catedrais, que até hoje causam admiração pela beleza, elegância, delicadeza e
engenharia perfeita. As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais)
seguiram, no geral, algumas características em comum. O formato horizontal foi
substituído pelo vertical, opção que fazia com que a construção estivesse mais
próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também foram muitos usados.
As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas apareciam em
grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de
volta-quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados.
Características
gerais do estilo gótico:
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Verticalismo.
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Arco quebrado ou ogival.
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Abóbada de arcos cruzados.
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O vitral.
Na arquitetura
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Ao
contrário da igreja românica, solidamente plantada na terra, a catedral
gótica é um movimento em direção ao céu. Tanto no exterior como no interior,
todas as linhas da construção apontam para o alto. Essa atração para cima é
acentuada pelo uso de arcos pontudos (arcos ogivais), substituindo os arcos
plenos do estilo românico. As abóbadas tornam-se mais leves que as do
românico. Além disso, parte do seu peso é distribuída externamente, por meio
de arcobotantes, apoiados em contrafortes. Com esta solução de engenharia,
foi possível reduzir a espessura das paredes e colunas, abrir numerosas
janelas e elevar o teto a alturas impressionantes. As paredes são rasgadas
por imensos painéis de vidro (vitrais), que inundam de luz o interior,
aumentando a sensação de amplidão no espaço interno. As alturas vertiginosas
ressaltam a idéia da pequenez do homem, diante da grandeza de Deus. No
exterior, as fachadas são quase sempre enquadradas por torres laterais, muito
altas e arrematadas por flechas agudas. A tendência para o alto é reforçada
por numerosas torrezinhas (pináculos), que terminam em flechas. Para se fazer
uma ideia da aceitação do gótico, basta dizer que, só na França, entre 1170 e
1270, foram construídas mais de 400 igrejas e capelas neste estilo. Apesar do
desprezo dos artistas do Renascimento, a arte gótica inventou soluções de
arquitetura que só foram superadas no século XIX, com o uso do aço; e outras,
só no século XX, pelo concreto armado. É ignorância ou preconceito chamar de
atrasada uma sociedade capaz de realizar obras tão perfeitas.
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Alguns
exemplos da arquitetura gótica encontram-se na França nas catedrais de
Notre-Dame de Reims, Notre-Dame de Paris, de Chartres, Saint-Chapelle de Paris,
na Inglaterra nas catedrais de Norwich, Lincoln e Westminster em Londres. São
exemplos significativos também os palácios da Justiça e do Louvre em Paris e o
palácio dos Papas, de Avinhão na França.
Na Itália, os edifícios em estilo gótico são
de autoria de artistas que anunciavam o Renascimento. Como a Igreja de São
Francisco de Assis, a catedral de Santa Maria Del Fiore e o Palazzo Vechi, em
Florença e os palácios comunais de Bolonha, Pistóia e Perúsia.
Na pintura
A
finalidade primordial da pintura gótica era ensinar a criação divina e, num
sentido mais didático, narrar as Escrituras para o maior número de pessoas,
quase sempre analfabetas. Os temas eram religiosos, tirados da tradição
bizantina. Além das histórias da Bíblia, representava-se também a vida dos santos
e a iconografia de Cristo, particularmente a crucificação, capítulo central da
teologia da Idade Média.
Embora
as pinturas fossem frequentemente substituídas pelos vitrais, são comuns as
pinturas em painéis de madeira e sobre relevos. As figuras adquirem mais
naturalidade, e o colorido é mais vivo. Os pintores do gótico elaboraram uma
pintura carregada de simbolismo, a fim de tocar emocionalmente o observador.
São, também, notáveis as pinturas em manuscritos (iluminuras). No final do
período, surge a preocupação com a perspectiva, melhorando as proporções entre
figuras próximas e afastadas.
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Na escultura
Em
geral, a escultura gótica está integrada na arquitetura. A princípio, as
estátuas eram alongadas e não possuíam qualquer movimento, com um acentuado
predomínio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. Eram
estátuas-colunas. Aos poucos, ela foi-se libertando das rígidas formas
românicas e adquirindo maior expressão, primeiramente, no rosto e, depois nos
movimentos. Além dessa variação no tempo, há grande diferenciação de um lugar
parara outro. Na fase final da Idade Média, as figuras já apresentam uma grande
naturalidade. Os escultores buscavam dar um aspecto real e humano às figuras
retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos).
A separação em relação à arquitetura torna-se
um fato e as esculturas começam a se destacar como obras independentes. As
roupas ficam mais pesadas e se multiplicam as dobras, que já não são lineares e
rígidas, mas sim onduladas, expressivas e mais naturais.
DANÇA E MÚSICA MEDIEVAL
Durante
toda a Idade Média, a música profana fez parte da corte medieval. Servia para
dançar, para animar o jantar, para se ouvir. Era indispensáveis em cerimônias
civis, militares, feriados e outras ocasiões festivas com danças folclóricas, e
também para animar os Cruzados quando partiam para a Terra Santa ou de júbilo,
quando regressavam das suas campanhas.
Os
jograis pertenciam à outra classe de músicos. Eles recitavam, cantavam,
tocavam, dançavam, faziam acrobacias e exibiam as habilidades de animais
domesticados. Iam de terra em terra e, com as suas diversões, entretinham a
nobreza e os ajuntamentos de pessoas nas praças públicas. Eram vistos como
vagabundos e viviam à margem da sociedade, mas eram muito populares por
trazerem as novidades e as notícias de outras terras.
A
dança de roda é seguramente o tipo coreográfico mais difundido na Europa e em
todo o mundo. A sua simplicidade contribuiu decerto para isso: os dançadores
formam uma roda, intercalando os do sexo masculino com os do feminino. Na
fórmula mais difundida, dão as mãos uns aos outros, virados para o centro do círculo,
evoluindo a roda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. De vez em
quando, nas ocasiões em que a música o sugere, param e batem palmas, para de
seguida retomarem o movimento circular.
Além
da simplicidade, autores há que atribuem a sua divulgação ao valor mágico do
círculo e da evolução em círculo. Seja como for, a roda é a mais primitiva
forma de dança coletiva. O seu tipo medieval mais conhecido é a carole, que era
seguramente cantada pelos dançadores, primeiro por um solista, a que respondiam
depois todos os outros.
No
século XIV aparece entre os nobres, o Momo, um gênero de dança que serviu como
base do futuro ballet-teatro. Era uma espécie de Carolas onde os participantes
dançavam mascarados e disfarçados.
Nos
bailes de Momos dançava-se a Mourisca, uma dança importada dos árabes, em ritmo
binário, marcada por batidas dos pés ou, em caso de cansaço, dos calcanhares. O
movimento da coreografia era o seguinte: bate-se o calcanhar direito (no chão)
/ bate-se o calcanhar esquerdo / bate-se os dois calcanhares (um no outro) /
suspiro. Na verdade, as partituras indicam uma pausa no momento do suspiro. O
momo tornou-se uma dança espetáculo quando começou a ser dançado como atração
entre os pratos de um banquete.
Já no final do século XV o momo estava estabelecido com firmeza nas cortes de
príncipes. Apresentava, então diversos elementos dos ballets de corte
(antecessores dos ballets de repertório), como dançarinos, cantores, músicos,
carros, efeitos de maquinaria; mas faltava-lhes a "alma" do
espetáculo: uma ação dramática coordenada e a diversidade das danças, pois
apenas dançavam a Carola e a Mourisca.
No
final da Idade Média a dança e a música tornaram-se parte de todos os
acontecimentos festivos.
VESTUÁRIO MEDIEVAL
As
roupas e os sapatos da época eram bastante volumosos e escondiam quase
inteiramente o corpo, especialmente o da mulher. As mais jovens até chegavam a
revelar o colo, mas a Igreja sempre desaprovou os decotes. Pode-se dizer também
que já existia moda, naquele tempo, com a introdução de novidades na forma de
vestidos, chapéus, sapatos, joias, etc.
Vestuário
básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e
mantos, além de chapéus com formas as mais variadas (imitando a agulha de uma
torre, borboletas, toucas com longas tiras) e exagerados (em alguns locais foi
preciso alterar a entrada das casas para
que as damas e seus chapéus pudessem passar). Na época, cabelos presos
identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos soltos.
As
cores mais usadas pelas mulheres eram o azul real, o bordô e o verde escuro. As
mangas e as saias dos vestidos eram bufantes e compridas. As mais ricas usavam
acessórios, como leques e joias.
Para
os homens, o vestuário se compunha de meias longas, até a cintura, culotes,
gibão (uma espécie de jaqueta curta), chapéus de diversos tamanhos e sapatos de
pontas longas. Os tecidos variavam de acordo com a condição social dos
cavaleiros, o clima, a ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo,
usavam ricas vestimentas, confeccionadas com tecidos orientais, sedas, lã
penteada e veludo. E festa é o que não faltava, o ano inteiro, nas feiras e nas
datas religiosas e profanas da Europa Medieval. Tanto nos castelos quanto nas
vilas, aldeias e cidades, em tempos de fartura, tudo era motivo para comer,
beber e dançar, com fantasias, máscaras, procissões, muita alegria e até certos
excessos.
Os
camponeses, apesar do sofrimento e a da penúria, gostavam de festas, danças e
músicas. Várias danças folclóricas europeias originam-se de festas e danças
populares medievais.